quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Paixões sem nenhum romance

 
Há vários tipos de pessoas que entram e saem da nossa vida por opção ou por forças maiores. Algumas aparecem do nada, não te aquecem nem te arrefecem, vives facilmente com a convivência e sem ela de igual modo, não são o teu cachecol emocional a quem recorres quando alguma brisa te corta o ar e te deixa sem forças. Sem dares por ela as coisas dão uma volta, à primeira oportunidade perdes-te numa conversa de horas em que dás conta que não és a única pessoa do mundo a quem acontece aquilo. Ganhas cumplicidade. Algumas pessoas chegam e provocam uma simpatia natural que parecem já ter vivido contigo numa outra vida, talvez fossem amigos de infância daqueles que ainda mal sabem falar mas já se entendem como irmãos. Há sorrisos e duas ou três palavras que valem por mil apresentações rebuscadas com direito a morada e nr de cartão de cidadão, aí pensas " já te tirei a pinta"no bom sentido. Por vezes, raramente este  sentimento de simpatia precoce é um engano. Há ainda entre outras as pessoas apaixonantes, entram na tua vida caídas como aqueles romances vulgares dos filmes, em que os casais começam por dar um encontrão e perdem-se numa troca de olhares no meio de apontamentos das aulas... a minha questão é? As amizades apaixonantes são  tão fugazes quanto as paixões amorosas? as que resultam sempre  numa vaga e rara troca de palavras ou favores sem grande importância "um dia tanto foi que agora tanto faz". Algumas pessoas que se cruzaram comigo hoje só se lembram que já houve ali algo quando precisam de um favorzinho, um logotipo, publicidade a isto ou aquilo, essa série de favores destes que se oferecem pela net... As vidas mudam, as personalidades acabam por acompanhar a mudança e Quem tem paciência para ser pessoa de favores? se fizer favores é porque não me apaixonei e desapaixonei pela pessoa um dia, é porque realmente ela tem importância, não é preciso pedir que falem quando o rei faz anos, mas que se lembrem, ou até que digam olá uma vez por ano, pelo aniversário ... algumas pessoas que um dia foram especiais simplesmente já não te conhecem, mas fazem questão de por uma fracção de segundos em que haja uma troca de palavras redigidas desbravar todo um campo de conversas aleatórias sobre um sem fim de situações em que se estão a dar bem na vida( mesmo que andem ali tendenciosamente a roçar na ficção  )... a longo prazo desaprende-se sobre lidar com isso, não é? mal se proporciona o melhor é abandonar "educadamente " a conversa a meio. É preciso o dom da paciência, não teres que mostrar que és bem sucedida, só o suficientemente agradável porque estas de bem contigo. Enquanto cresces perdes mais de metade daquela curiosidade de volta e meia saber como está a vida do próximo, porque estas tão envolvida contigo e com o teu mundo e todos os mundos fascinantes que há por aí por deslindar. Mais uma questão pertinente é esta de perder timidez, não de ti mas dos outros, essa vergonha faz apreender a dizer que da gosto estravasar nos tempos menos e mais stressados, a assumir que gostas de alguém e quanto e porque esse alguém é especial, não fazer distinção de idade nem de sexo nem de coisa nenhuma.
Agora não estas mais de baixo das saias da mãe, apenas segurando-lhe uma das pontas com as tuas pontas dos dedos, para te certificares que ela está ali bem perto de ti e para avaliar de que matéria é feita a saia ( metáfora de designer de moda, que modéstia à parte saiu bem!!)


JR

domingo, 13 de novembro de 2016

Aquela alegre casinha

Perguntei-te à dias qual era o teu sonho, o teu maior sonho, sem ter uma resposta em troca para te dar. Surpreendeste-me, sendo tu um, ou melhor, aos meus olhos O homem perfeito eu já devia estar à espera. Encolhi-me e respondi" que engraçado, não imaginava..." os sonhos na nossa vida são claramente moldáveis, com os anos vão mudando, faz todo o sentido que aconteça desse modo, mas nunca tinha parado para pensar nisso. O meu sonho de criança era ir à Disney, pobre de mim ( intelectualmente) se ainda o fosse. Passaram-se 20 e tal anos e eu agora crescida e financeiramente capaz, nunca lá pus os pés, agora deverei guardar para quando passarmos a ser mais que dois. O meu sonho nem sei ... respondi. Acho que são coisas normais... o meu sonho agora é ser mãe na casa perfeita, o sonho de sei lá quantos milhões de mulheres. Meço os sonhos, não devia, por isso chamamos sonhos e não objetivos. Talvez quisesse um desafio profissional ou uma viajem aventureira pela Ásia, que deveria ter feito quando não estava presa ao trabalho e às obrigações. Hoje eu tenho um sonho, um objectivo e quase uma declaração de como não se irá concretizar. Estou especialmente triste, desmotivada e à espera que se ao fechar de uma porta daquelas vintage com vidrinhos e grades desenhadas que pelo menos se abra uma janela para um jardim onde eu possa respirar fora de 4 paredes, só comigo, sem estar rodeada de pessoas que não me pertencem  das quais sei mais da vida do que o que desejaria. É triste quando pensamos que os nossos sonhos que nem são sonhos, são objectivos de vida podem não acontecer por pequenos detalhes que não somos nós que escolhemos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

"god bless America"

Se dizem que o amor e a fé movem montanhas hoje  tive a certeza que não é nenhum deles. Deitei-me cedo, na certeza que ia acordar sem surpresas, na minha cabeça era quase garantido que do mal o menos, acordei com a notícia e pensei que não é um nem outro os factores que movem montanhas, é sim o medo, o medo da pobreza, da guerra e da dor é que movem montanhas, mais uma vez a humanidade a cavar um buraco bem fundo na terra para se enterrar aos poucos. A pobreza de cultura e conhecimento alimentam o medo, quando um país é tão rico em dinheiro e recursos e proporcionalmente rico em xenofobia, homofobia, machismo, ignorância e ambição, para já metaforicamente falando, ignorância e ambição são dois ingredientes essenciais para criar uma bomba atômica .
 Fiz scroll nas notícias do facebook, vi as actualizações das pessoas ( alguns americanos) que sigo no instagram, todos em estado de choque/ revolta, pergunto-me se quem votou no Trump não terá sequer internet, se sou eu que sou demasiado eclética no que diz respeito às pessoas e paginas que me despertam atenção. Quem votou, votou sem conhecimento de toda a história da humanidade, sem responsabilidade, só burrice. Um presidente de raízes africanas foi um passo demasiado grande na evolução da espécie americana, uma presidente mulher era outro passo, hoje demos não dois, mas 20 passos atrás.Hoje já  não podemos simplesmente deitar a cabeça na almofada com a certeza que um destes dias não acordamos com o estrondo do fim do mundo. Antigamente queimavam as bruxas por medo, hoje vota-se para eleger um presidente num estado evoluído exactamente pelas mesmas crenças. Não deixem passar os emigrantes, vão tirar-vos os empregos, não deixem os muçulmanos destruirem as vossas vidas, vamos construir um muro em torno das nossas vidas pequeninas, vou incentivar- vos ao ódio até ao último momento das vossas vidas e vocês que já estão revoltados vão louvar e aceitar tudo o que vos puser no prato. Não há consenso, não há ponta de sentido, há sim uma personagem pouco ortodoxa,arcaica e vergonhosa, dourada e cor de laranja que parece ter saído de um destes desenhos animados para adultos, mas sem ponta de piada.

FE-MALE

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Não sei muito sobre ser mãe, sei que o quero ser e que o quero muito, imagino que quando damos a este mundo um ser novo pequenino, é o maior acto de amor e por isso será de amor que terá de ser feita a relação mãe e filho (entenda-se pai também). Fui uma criança feliz e por isso é que às vezes ainda me sinto feliz, tenho picos de felicidade precisamente nessas alturas em que me sinto criança, voltar à idade de não saber das coisas é a unica coisa que me faz desejar por vezes querer voltar atrás no tempo. Nós sabemos que fomos realmente amados quando pensamos nos nossos pais que se desdobravam para que nada nos faltasse, que faziam das refeições de família " o nosso jantar" o momento alto do dia. Os pais sem saberem ensinam-nos além de todas as coisas a sermos bons pais também, eu acho que saberei cuidar dos meus como os meus cuidaram de mim e também sei onde poderão ter errado sem saber e esse é o melhor dos exemplos. Guardo a recordação do meu pai como a maior demonstraçãao de amor que alguém pode dar, acredito que as pessoas se transformam quando querem e tem um filho. Ainda não sei o que é ser mãe, mas há muito poucos anos aprendi a saber a importância que tenho e quero dar ao facto de ser filha. Quero para a minha mãe o melhor do mundo, quero que ela volte a encontrar a felicidade que à muito lhe foi tirada, e é a minha retribuição de tudo o que os dois me deram, a retribuição de felicidade, não vou deixar que ninguém te faça mal. Não posso mover o mundo para que sejas feliz, mas como cresci, hoje sinto-me capaz de te ajudar no que é bom e no que é mau para que encontres a tua felicidade.

(foto via boredpanda)



quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Só veio passar a noite



 Não percebo, de à uns tempos para cá tornei-me demasiado sensível a tudo, não sei se é o instinto maternal aqui todo à tona, se é das perdas, das perdas muito muito sofridas de pessoas especiais e do meu gato, o meu companheiro  de todo o sempre. Sobre a culpa da sensibilidade extrema não sei se junte tudo e divida a culpa por partes iguais e ainda mais uma dose igual para o sistema hormonal.
 Não sou capaz de fazer mal a nenhum bicho, lembrei-me que ainda à dias tirei uma vespa do cabelo da Mariana e levei-a lá para fora. Eu não faço mal a um ser vivo, ainda que pareça meio hipócrita da minha parte afirmar isto sem ser 100%vegetariana, mas enfim, nasci com este defeito de gostar de comer coisas diversificadas e aparentemente também com alguma tendência para as cozinhar, mas não as mato, a experiência mais parecida à de maltratar um ser vivo que tenho, é a de me esquecer de regar as plantas, porque entre outros também nasci com esse defeito, o do esquecimento.
 Ontem, ja eram nove da noite e olhei pela janela da cozinha, aliás como faço sempre, para ver o reflexo dos faróis dos barquinhos desfigurados na água. Havia um vulto meio estranho na janela e eu estava sem óculos.  Nunca subestimando o poder da minha imaginação, somado à criatividade da minha miopia cheguei perto da janela, o perto que a minha gata permite, porque eles chegam sempre primeiro no que toca à descoberta. Estava uma pomba na beira da janela que não se mexia e olhava pelo canto do olho para nós, sempre a prever a nossa intervenção... bati no vidro com as unhas e ela não se mexia, por baixo dela uma enorme poça de cócó, não acredito que algum bicho neste mundo se sinta confortável a dormir em cócó, ok... talvez aguns até só saibam chafurdar no cócó. Pronto, está doente, não se assusta, não foge, não reage, vai dormir ali em cima da sua própria descarga de intestino hoje e sei lá eu mais quantos dias. Aquela janela em especial não abre, há qualquer coisa naquela janela por resolver que faz com que nunca tenha aberto. Pensei para mim e murmurei com a gata " estamos feitas " como vamos fazer para a tirar daqui, ou para lhe dar uns greiritos de sementes saudáveis das nossas.
 Afastei-me e deixei as duas na janela, uma do lado de dentro, outra do lado de fora, voltei ao que estava a fazer.

 Mais tarde voltei à cozinha, olhei de novo para a janela e a gata estava naquela sua posição de gatinha predadora ainda em fase de aprendizagem, cabeça inclinada 50º, uma orelha meia dobrada e uma das patinhas colada no vidro, a pomba ainda lá estava.
 É só uma pomba, não é? Todos os dias vemos pombas na rua, muitas dessas vezes já só vemos mesmo os restos de uma ou outra asa e é normal, mas porque que aquela ali, no meio de tanto andar de tanta casa  iria escolher a minha janela vertiginosa para passar o resto dos dias? É uma pomba... é só uma pomba JR, mas mais tarde voltei à cozinha para pegar num copo de água e acabei por passar ali um pedaço de vida a lembrar-me do quanto temos em comum, do quanto somos só seres vivos. Lembrei-me de uma das pessoas especiais que já não está e toda a forma injusta como se foi embora. É uma pomba... porque é que paras para comparar coisas que não tem assim tanto a ver?
  Pois, tem a ver, consegues imaginar os próximos dias? Vais chegar da tua vidinha e voltas à cozinha todos os dias e vais vendo dia após dia a evolução daquele ser vivo. Eu não queria de todo comparar mas é mais forte, quase todas as pessoas já viveram de perto a doença de alguém, assistiram impotentes à evolução lenta de um sofrimento. Por muito que te desdobres em mil, que percorras o mundo para descobrir o elixir que cure, que palmilhes este e o outro mundo para que possas sentir que a outra pessoa está um pouco mais perto do conforto e um pouco mais longe do fim é sempre tão difícil. Eu vi naquela pomba da minha janela um monte de emoções que não gosto de recordar.  Disse-lhe a ele que se calhar ela era velhinha mas não a queria ver morrer na minha janela... e depois? Não posso pegar nela e pô-la no jardim, mas não quero vê-la perder a forma todos os dias mais um bocadinho, nesta janela."Se ela estiver mal, provavelmente desequilibra-se e cai lá a baixo".

 Hoje acordei com um beijo dele
"JR a pomba já não está na nossa janela, eu bati no vidro e ela fugiu, veio só passar a noite"

 Não sei se é verdade, acho que sem dizer nada, ele percebe o quanto ando sensível e talvez tenha feito comigo como os pais fazem aos filhos com a fada dos dentes e o pai natal, mas eu prefiro nem questionar e acreditar que ela só veio passar aqui a noite. É só uma pomba e eu sou só muito tendenciosa para o melodrama.





JR


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Esse prato estava sujo e a culpa foi tua

Um dia podes vir a comer no prato onde cuspiste, não vai estar lá um amigo para te dizer que ele está sujo, tenho a certeza que os que te viram cuspir vão baixar os olhos e esperar que termines. É este o meu desejo, do fundo do meu estômago, porque no coração ( essa eterna metáfora de fazer do coração uma gaveta para o amor), nele eu guardo a consciência que nenhum ser humano é tão bom assim que possa um dia não desejar a quem lhe faz mal que o mal não seja retribuído. Eu não odeio, não odeio ninguém, odeio comportamentos e se o karma existe então poderei vir a sofrer com ele, mas em forma de retribuição da retribuição, de uma merda que já deu tanta volta que nunca vai ter um ponto final. Não me importo, se todos os meus maus momentos são compensados por bons, também já tive a minha dose bem forte de tristeza e perda e hoje sou forte e sou humana porque tenho tatuadas na pele histórias tristes, sou humana  para desejar coisas boas e ter algum instinto para a maldade, em jeito de retribuição, em jeito de defesa, no fundo eu sou um animal, e é isso que os animais fazem, é o instinto natural. Fazes-me mal? Fazes mal a quem amo? Um dia vai ser o teu dia em que vais pensar em todas as pequenas merdas  que um dia achaste não passarem de merdas, merdinhas insignificantes afinal são pessoas, com vidas, com sentimentos, com talento, com caráter.
 Brinca na cara, brinca, mente, sorri, dá o teu melhor e o teu mais bonito sorriso, faz nos acreditar que é simpatia até percebermos que não o é,nunca, nós precisamos deste jogo de falsidades para sobreviver, se queremos, e nisto a vida vai se transformando num filme ao jeito do hunger games. Um dia perco eu, amanhã perdes tu, porque os maus morrem quase sempre no fim dos filmes.
  Levamos uma vida em conquistas, algumas pessoas preocupam-se com as conquistas, eu sou uma delas, eu gosto de conquistar, está-me no sangue a conquista, não sou nem nunca fui a pessoa que chega e é do nada adorada, sou a desconhecida, vou chegando aos poucos, vou chegando a medo e dando pouco de mim, apalpando o terreno para possíveis quedas, para as decepções, e já caí tantas vezes... é por isso que o meu armário tem sempre uma colecção de pensos rápidos coloridos, para estancar as feridas feias que ficam negras. Eu sou envergonhada, tenho o meu quê de insegurança, não dou tudo, quem me conhece sabe que tem tudo de mim, quando gosto conquisto e deixo ser conquistada ao ponto de sofrer na pele todas as pequenas dores de quem amo, não é pensado, nasci com isto, cresci com isto e já me conheço à tempo suficiente para saber que da mesma forma vou morrer com isto um dia.
 "Tu" não me conheces, não sabes quem sou ou de onde venho, não sabes as minhas capacidades, não sabes se sou tão, mais ou menos inteligente que tu, que sou sonhadora e nos sonhos vou tão longe , sou tão, mais ou menos talentosa em alguma coisa, não me deves mais ou menos que eu a ti, eu não quero nem peço mais nada que respeito. Não falo desse respeito de sorrir para o chão e amansar frases desagradáveis, falo do respeito de olhares nos olhos e dizeres tudo o que pensas nas nossas caras. Não quero a tua amizade, não quero amizade de quem faz mal, quem faz mal a quem não conhece, imagina-se a capacidade para engendrar planos para fazer muito pior a quem conhece. Sou mulher, trabalho, ganho o meu dinheiro com o meu trabalho, afirmo: tenho talento, não sou rica porque não me deixei comprar, porque não sei ser má por ser má. Diz lá quem é que não sabe fazer isto e aquilo? Descarrega mais um bocadinho de frustração a quem julgas tu " está abaixo de ti" põe aqui o meu futuro em jogo e vai para casa deitar a tua cabeça na almofada e dormir a noite inteira como um menino, senta-te na tua poltrona e caga para todos os que prejudicaste ontem e hoje, porque o importante é o que cai ao final do mês na tua conta, o importante é que todos te ouviram de cojones bem cheios a dizeres tudo o que te apetece, que nem um galo no puleiro.
 Não sou ingénua, até à bem pouco tempo culpava-me tanto por ser meio rancorosa. Não sou rancorosa, acredito que é preciso que haja uma espécie de justiça divina qualquer para equilibrar as espécies. Mas bolas, quando fico de rastos desejo-vos tão mal... quando estou de rastos arrependo me tanto de nunca querer ter tido demasiado protagonismo, podia ser eu hoje muito dona do meu nariz a dizer que sim e que não sem esse prazer e requinte de maldade.

Por fim desejo mais uma vez que hoje ou amanhã tu é todos os que padecem do mesmo mal tenham o que merecem "mal parido"


Os desabafos fazem bem.


sábado, 27 de agosto de 2016

estrabalhilidade

 Sabes da última vez que te falei de emprego?  Na minha cabeça tudo seria sempre e para sempre instável. Se não é mau o bigboss é mau o sítio, a estrada é infinita e a viajem daquelas que se faz por 4 ou 5 etapas " Aah agora já passei na localidade de  Afinfadas de cima ( nome fictício ) já só faltam mais 30km, aaah aquele fardo de palha tão familiar, bom dia fardo de palha!! Olha o continente mais próximo fica a 20 km junto à última saída..." Não sabem o que é fazer viajens assim todos os dias? Pois, não queiram.
As pessoas são estranhas, o que tenho pra fazer é meio cócó... Já não estou a aprender nada, não percebem os designers, os designers são ets infantis, meio anormais, parvinhos, são criaturinhas estranhas. Nunca há um equilíbrio, o salário lá no cú de judas até era bom, mas bem feitas as contas, 1/2 era pro carro. Os colegas deixam saudades, alguns, outros não me lembro bem do nome.
  Tudo o que eu queria era um equilíbrio, essa ilha, ou esse oásis perto de casa... Pensei que ia encontrar por algum tempo e encontrei, mas não o vejo por algum tempo.
 Sou eu que estou a crescer? Não devia querer o que sempre quis? Ascensão na carreira? Mas porque estagnar num sítio será estagnar na vida? Não necessariamente... É estranho, conheci pessoas com que me identifico, uns ets como eu!! Pessoas que riem, que choram, que dançam e gostam de festivais e de fotos e de palhaçada, que mundo novo é este? Eu pensei que nós ( eu+ a minha alma gêmea ) fossemos os únicos assim. Não desfazendo os amigos que fui fazendo para trás, se pudesse traria-os todos para esta ilha nova que me conquistou desde o primeiro dia, mas nem tudo pode ser perfeito.
 Eu não faço mais aquilo que mais gostava, aguarelas, lápis de cor, infântilidades fofinhas saíram pelo menos provisoriamente dos meus ofícios, mas no resto encontrei todo-um-equilíbrio que supera o resto.

Será este sítio ou serei eu a ficar mais velha?
BTW
Adoro as minhas amigas de trabalho!!


(Não estão todos nesta foto)